[Outcome of fetuses with malformations discovered before 14 weeks. Where the discovery is revealed by echography during the first trimester, is it responsible for the voluntary termination of the pregnancy? Comparison before and after July 2001]

Indications and pregnancy outcomes when multidisciplinary centers for prenatal diagnosis refuse request for termination of pregnancy: a retrospective French study

OBJECTIVES

To report indications and risk factors for effective termination of pregnancy (TOP) when multidisciplinary prenatal diagnosis centers refuse request for TOP.

METHODS

This is a retrospective study from a French national registry between 2005 and 2009. Indication groups for TOP refusal were created. Risk factors for pregnancy outcomes and effective TOP were determined by multinomial logistic regression model.

RESULTS

The overall number of TOP refusals was 573. Indications were single malformations (37%), chromosomal abnormalities (16.6%), hygroma (5.2%), potential fetopathies (11%), maternal indications (17.4%), and other indications (12.7%). Pregnancy outcomes were live infants (35.1%), effective TOP (36.3%), intra-uterine fetal death (5.4%), and lost to follow-up (23.2%). Logistic regression model showed an increased likelihood of effective TOP in groups with single malformations [odds ratio (OR) 3.4, 95% confidence interval (CI) 1.6-7.4], chromosomal abnormalities (OR 3, 95% CI 1.2-7.2), and hygromas (OR 19.6, 95% CI 2.3-16.8) compared with other groups. An increased likelihood of effective TOP was also reported when the request was made at first (OR 29.5, 95% CI 10-16.7) and second (OR 6.3, 95% CI 2.3-16.7) trimesters compared with the third trimester.

CONCLUSIONS

Effective TOP is particularly frequent when requested during the first trimester and in cases of structural anomalies of the fetus.

Detectando más-formações, detectando riscos: dilemas do diagnóstico pré-natal

Este artigo tem como objetivo analisar os fatores que moldam as culturas materiais da biomedicina contemporânea. Trata do desenvolvimento histórico das técnicas diagnósticas e de como elas definem a "norma" e influenciam a evolução dos comportamentos dos profissionais e dos familiares. Pretende-se esclarecer esses processos a partir de uma reconstrução da evolução histórica do diagnóstico pré-natal, seguida de uma análise detalhada do caso de uma anomalia particular: as ACS, ou seja, as aneuploidias dos cromossomas sexuais. Embora alguns casos de ACS impliquem graves problemas de saúde, que chegam a comprometer a própria sobrevivência do indivíduo, a grande maioria das crianças que possui um número anormal de cromossomas sexuais é afetada por uma deficiência que pode ser qualifi cada como "menor" (em numerosos casos o diagnóstico definitivo das ACS só se coloca na adolescência). Assim, especialmente nos contextos em que existe o aborto legalizado, o diagnóstico pré-natal visibiliza a construção do "feto anormal" e o "risco de ter uma criança anormal" como fenômeno técnico-social, construído ao longo do tempo, de maneira indissociável, pelas técnicas da biomedicina, pela organização do trabalho médico, pelas limitações legais e pelas considerações socioculturais