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Oliveira RCD, Nicolau BF, Levine A, Mendonça AVM, Videira V, Vargas AMD, Ferreira EFE. “Tihik quando bebe Kaxmuk não tem pai, nem mãe, nem irmão”: Percepções sociais das consequências do uso da cachaça no povo indígena Maxakali/MG/Brasil. CIENCIA & SAUDE COLETIVA 2019; 24:2883-2894. [DOI: 10.1590/1413-81232018248.16992017] [Citation(s) in RCA: 1] [Impact Index Per Article: 0.2] [Reference Citation Analysis] [Abstract] [Track Full Text] [Journal Information] [Subscribe] [Scholar Register] [Received: 03/17/2017] [Accepted: 11/14/2017] [Indexed: 11/21/2022] Open
Abstract
Resumo Este artigo explora um dos aspectos mais interessantes e menos estudados no Brasil: as consequências das experiências complexas e contraditórias da substituição total de bebidas tradicionais indígenas pela cachaça, introduzida pelo contato interétnico. Contribui com a carência de ampliação de estudos na temática, analisando as consequências negativas do uso de álcool Maxakali. Enquanto estudos antropológicos enfatizam funções do beber tradicional e contemporâneo como “lubrificantes” sociais, as percepções sociais Maxakali ressaltam consequências negativas do uso da cachaça vendida ou trocada no contato interétnico. Interpretou-se no cotidiano, símbolos e significados dessas consequências, narradas por 21 lideranças em grupos focais. Com a substituição da Kaxmuk pelos Maxakali, ocorreram adaptações surgidas pelo contato interétnico, com relações negativas para quem bebe, suas família, aldeia e comunidade. No mundo-da-vida, as consequências negativas apresentaram-se em forma de acidentes, desarmonias conjugais, negligências, além de comportamentos violentos, doenças e mortes. Este estudo reforça a importância de produção de conhecimentos aprofundados e abrangentes visando a identificação de grupos vulneráveis em busca de soluções participantes.
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Souza RSBD, Oliveira JCD, Teodoro MLM. Construção de um Instrumento para Avaliar o Uso de Bebidas Alcóolicas em uma Etnia Indígena de Minas Gerais. PSICOLOGIA: CIÊNCIA E PROFISSÃO 2019. [DOI: 10.1590/1982-3703003176628] [Citation(s) in RCA: 3] [Impact Index Per Article: 0.6] [Reference Citation Analysis] [Abstract] [Track Full Text] [Journal Information] [Subscribe] [Scholar Register] [Indexed: 11/21/2022] Open
Abstract
Resumo O uso abusivo de bebidas alcoólicas é um grave problema de saúde pública em indígenas brasileiros. O objetivo deste estudo foi desenvolver uma entrevista de avaliação que entendesse a frequência do uso e os prejuízos do álcool nessas comunidades, e utilizá-la em uma avaliação inicial. Tal entrevista de avaliação foi desenvolvido a partir de uma revisão sistemática de instrumentos já utilizados nacional e internacionalmente. No estudo piloto, seis lideranças indígenas foram avaliadas por entrevistas individuais, que foram submetidas à análise de conteúdo e categorização das respostas. Dos indígenas avaliados, todos relataram ter consumido bebida alcoólica, três apresentaram comportamentos de beber muito e dois reconheceram a necessidade de buscar tratamento para seu consumo de bebida. Os resultados encontrados demonstram ser possível avançar na avaliação do uso de álcool em indígenas no Brasil. O aperfeiçoamento da avaliação desenvolvida possibilitará a elaboração de projetos de intervenção adequados para o enfrentamento do abuso de álcool nas comunidades indígenas. A Psicologia, de forma técnica e ética, deve estar presente nessa problemática, cara às necessidades biopsicossociais dessas populações.
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Articulation between health services and “indigenous medicine”: Anthropological reflections on policies and reality in Brazil. Salud Colect 2017; 13:457-470. [DOI: 10.18294/sc.2017.1117] [Citation(s) in RCA: 11] [Impact Index Per Article: 1.6] [Reference Citation Analysis] [Abstract] [Track Full Text] [Journal Information] [Subscribe] [Scholar Register] [Received: 08/31/2016] [Accepted: 10/18/2016] [Indexed: 11/24/2022] Open
Abstract
Este artículo contribuye al diálogo entre las ciencias sociales y la medicina social en América Latina a través de la exploración del pluralismo terapéutico en las políticas y servicios de salud indígena en Brasil. Revisa las investigaciones recientes en antropología, así como los conceptos y debates actuales, para examinar críticamente las políticas de salud indígena en Brasil y su concepto de “atención diferenciada”, que propone la articulación entre las prácticas oficiales de salud y las terapias indígenas. Varias contradicciones y tensiones están presentes entre la organización estructural del subsistema de salud indígena en el nivel nacional y las prácticas cotidianas de los equipos de salud en el nivel local. Guiados por la ideología hegemónica de la biomedicina, los profesionales de salud no reconocen las dinámicas y la agencia expresada en las practicas indígenas de salud.
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Souza MLPD, Ferreira LO. Jurupari se suicidou?: notas para investigação do suicídio no contexto indígena. SAUDE E SOCIEDADE 2014. [DOI: 10.1590/s0104-12902014000300026] [Citation(s) in RCA: 4] [Impact Index Per Article: 0.4] [Reference Citation Analysis] [Abstract] [Track Full Text] [Journal Information] [Subscribe] [Scholar Register] [Indexed: 11/22/2022] Open
Abstract
No Brasil, há indícios de que alguns povos indígenas apresentam taxas de mortalidade por suicídio significativamente superiores às taxas nacionais e regionais. Por outro lado, evidências apontam para as dificuldades de se transpor categorias biomédicas ao contexto das sociedades indígenas, tendo em vista que estes se valem de referenciais simbólicos particulares para compreender o processo saúde-doença e a morte. O objetivo deste artigo foi refletir sobre as dificuldades para utilização do conceito de suicídio no contexto indígena, ponto crucial para abordagem deste tema através de uma perspectiva menos etnocêntrica. O caminho proposto para tal foi o de se recorrer ao chamado “estranhamento antropológico” do conceito biomédico de suicídio. Para tanto, nós fizemos a análise do mito do Jurupari amplamente difundido entre os povos indígenas da região do Alto Rio Negro, utilizando três perguntas norteadoras: Jurupari queria morrer?; Jurupari morreu?; Quem matou Jurupari? Para responder estas perguntas, recorreu-se a informações etnográficas sobre suicídio entre povos indígenas brasileiros. Através da análise realizada, demonstraram-se as dificuldades de transposição do conceito biomédico de suicídio para o contexto indígena. Isto foi feito na medida em que evidenciamos: 1) a amplificação das dificuldades de se falar de intencionalidade no contexto indígena; 2) as diferentes concepções indígenas sobre morte e morrer; 3) a complexa correlação entre suicídio e homicídio nos sistemas etiológicos nativos. Por fim, apresentaram-se, mesmo que de forma preliminar, algumas eventuais dificuldades como possíveis caminhos para abordagem do suicídio indígena, tanto por meio de estratégias qualitativas como quantitativas.
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Vianna JJB, Cedaro JJ, Ott AMT. Aspectos psicológicos na utilização de bebidas alcoólicas entre os Karitiana. PSICOLOGIA & SOCIEDADE 2012. [DOI: 10.1590/s0102-71822012000100011] [Citation(s) in RCA: 4] [Impact Index Per Article: 0.3] [Reference Citation Analysis] [Abstract] [Track Full Text] [Journal Information] [Subscribe] [Scholar Register] [Indexed: 11/22/2022] Open
Abstract
Este estudo analisa os problemas relacionados ao uso de bebidas alcoólicas entre os Karitiana, habitantes de Rondônia. Ele é fruto de pesquisa desenvolvida no ano de 2009, intitulada "Psicologia e saúde mental entre os Karitiana". Busca-se compreender os modos de utilização de bebidas alcoólicas neste grupo, privilegiando os aspectos psicológicos envolvidos nesse processo, refletindo sobre possibilidades de atuação psicológica entre povos indígenas. Utilizou-se uma abordagem multidisciplinar com referências da psicologia, antropologia e saúde pública, considerando a dimensão psicológica integrada em um contexto histórico, social e cultural. Entre os resultados, destaca-se que os problemas relacionados à utilização de bebidas alcoólicas representaram para os Karitiana, no passado recente, um problema social, que eles denominam "tempo de bagunça". Tal contexto foi modificado a partir de estratégias específicas, promovidas por lideranças desse grupo, apontando para possibilidades de que esse tipo de atuação possa ser considerado como princípio de intervenção em saúde mental indígena.
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